terça-feira, 26 de novembro de 2013

Quase uma cidade só que bem pior

Está sendo transmitida na televisão a propaganda do condomínio fechado "Swiss Park" em Campinas, interior de São Paulo. Na campanha publicitária o slogan utilizado é: "Quase uma cidade, só que melhor." [1] Mas será que morar em condomínios fechados pode ser melhor do que morar nas cidades "abertas"? As razões apontadas nas propagandas para atrair os compradores é que lá existem área verde preservada, segurança, tráfego fluente de veículos e "é mais legal". Mas será mesmo?

A primeira razão apontada nas propagandas é que os condomínios possuem uma grande área verde mas se esquecem de dizer que geralmente os condomínios se instalam na periferia das cidades, em locais onde a área foi desmatada para sua construção ou se já estava desmatada e fazia parte da área rural, impede-se o reflorestamento da região.

Outra característica exaltada nas propagandas é que nos condomínios não existem congestionamento. Porém, os congestionamentos ainda persistem nos dentro dos condomínios já que por questões de segurança e de controle da saída e entrada de veículos, é desejável que o condomínio tenha poucas portarias e por isso, nos horários de pico o tráfego se afunila com todos os carros querendo passar pela portaria na mesma hora.

Seriema junto a muro de condomínio fechado em Bauru, SP. Ramón Portal. CC

Os condôminos se tornam dependentes dos carros já que esses loteamentos são estritamente residenciais e longe dos centro das cidades e o transporte público de uma forma geral não passa dentro dos condomínios (exceção feita aos condomínios grandes quem podem dispor de um serviço próprio para transportar os trabalhadores domésticos).

E os efeitos negativos que os condomínios provocam na mobilidade não se restringem ao seu interior. Por não terem ligações viárias com os bairros vizinhos, os condomínios fechados concentra o tráfego de veículos em algumas poucas ruas e avenidas, aumentando o congestionamento nestas vias. Outro efeito negativo é de que os condomínios contribuem com o alastramento urbano, o que por sua vez aumentam as distâncias e os tempos de deslocamento na cidade inteira. De que adianta não ter trânsito em algumas ruas no condomínio, se por conta do alastramento urbano terá no resto da cidade?

Mas talvez a qualidade que as propagandas dos loteamentos fechados mais se empenham em divulgar é a ideia de que as casas nos condomínios são mais seguras do que as casas "de rua", como são chamadas as casas nos bairros sem muros. Mas será que os loteamentos fechados são tão mais seguros assim? As notícias de condomínios assaltados têm crescido nos últimos anos [2] e os condomínios, como todo o símbolo de riqueza, atraem assaltantes.

E se engana quem pensa que com todo o aparato de segurança dos condomínios: portarias, guaritas, câmeras, cercas elétricas e muros os assaltantes se sentem intimidados. Segundo uma pesquisa da Polícia Militar do Paraná [3], 71% dos assaltantes preferem invadir casas com muros e 54% dizem que muros ocultam melhor a ação. E como a circulação de pessoas é pequena dentro dos condomínios, mesmo nas casas sem muros na frente, os assaltantes podem invadir as casas que não serão vistos por pessoas passando na rua. Além disso, o pequeno número de portarias que permitem a entrada e saída dos veículos facilita o bloqueio do condomínio por assaltantes, o que deixa seus moradores sem uma rota de fuga.

Outra suposta característica dos condomínios bastante propagada é de que por ser um bairro "socialmente homogêneo" o senso comunitário tenderá a florescer mais facilmente do que em bairros com faixas de renda variada. Os condôminos serão amigos entre si sem o constrangimento de frequentarem casas de vizinhos menos ricos. Segundo o ótimo artigo de Lucas Melgaço [4]:
"Uma rápida enquete em qualquer condomínio fechado brasileiro constatará que, diferente do que ocorre em muitos dos bairros pobres e favelas, os condôminos muitas vezes não sabem nem mesmo o nome dos seus vizinhos mais próximos. Isso acontece porque a homogeneidade buscada por esses empreendimentos é alcançada apenas pela seleção econômica: para ter acesso a essa dita comunidade basta que o interessado seja capaz de pagar pela casa e pelo terreno."
Como desenvolvido no artigo anterior do Urbanismo Diário "Uma Discussão sobre Condomínios Fechados":
"Alegando busca pela segurança (que nunca será obtida dessa forma) essas pessoas se fecham em um pequeno mundo, porém expondo e escancarando seu preconceito e seu desinteresse pelo diferente, pela diversidade, se privando da experiência mais enriquecedora para o ser humano que é conhecer o desconhecido;"
E novamente citando o artigo de Lucas Melgaço:
"Em substituição a ter de lidar com o “outro” em uma praça pública de esportes, prefere-se o privilégio de ter um campo de futebol particular, mesmo que ele corra o risco de ficar a maior parte do tempo subutilizado por falta de jogadores."


Para saber mais

[1] Site promocional do Swiss Park
http://www.swisspark.com.br/home

[2] Onda de assaltos violentos assusta moradores de condomínios em MG
http://g1.globo.com/bom-dia-brasil/noticia/2013/05/onda-de-assaltos-violentos-assusta-moradores-de-condominios-em-mg.html

[3] Viver sem muros é menos perigoso, dizem especialistas
http://www1.folha.uol.com.br/fsp/cotidian/ff0710200722.htm

[4] A cidade de poucos: condomínios fechados e a privatização do espaço público em Campinas
http://agbcampinas.com.br/bcg/index.php/boletim-campineiro/article/viewArticle/20

sexta-feira, 8 de novembro de 2013


Hoje, 8 de novembro de 2013, propositalmente no Dia Mundial do Urbanismo, completamos um ano de Urbanismo Diário. Com notícias e artigos (quase que) diariamente, acreditamos que pelo menos um pouco, estamos ajudando a divulgar o urbanismo e as questões urbanas. Queremos agradecer todos que têm nos ajudado nesse objetivo. Obrigado.

E para comemorar o primeiro aniversário do Urbanismo Diário e o Dia Mundial do Urbanismo atualizamos nossa programação visual. O que acharam?

terça-feira, 24 de setembro de 2013

Lei Federal de Mobilidade Urbana: Transformando o Transporte Público

Por Dougllas Danilo

Oferecer um serviço diferenciado, com qualidade atendendo as necessidades e anseios da população é um dos grandes desafios a serem superados pelos donos de empresas e também dos permissionários. Como fazer com que os passageiros deixem seus veículos (automóveis, motos, etc.) em casa e se sintam atraídos para o transporte público?

O Brasil conta hoje com uma frota aproximada de cento e cinco mil ônibus urbanos (FABUS, 2012) percorrendo diversas cidades para atender a uma demanda aproximada de cento e noventa e quatro milhões de habitantes. Neste cenário podemos concluir que o país está num momento crucial para avançar com sistema de transporte público. Um primeiro passo já foi dado com a publicação da Lei Federal de Mobilidade Urbana e que, juntamente com os grandes eventos esportivos previstos, as cidades estão buscando investimentos maciços em transporte público.

Esse momento que o país passa, podemos entendê-lo como um período de transição, pois temos observado um aumento de investimentos em mobilidade urbana por meio da expansão do sistema de BRT (Bus Rapid Transit), modalidade esta que Brasil foi pioneiro na implantação em Curitiba no ano de 1975. Temos a criação de corredores exclusivos para ônibus, além também do BRS (Bus Rapid System). Todas estas modalidades visando acelerar a velocidade comercial do transporte público e atrair novos passageiros.

Vista do tubo de BRT em Curitiba.  Mário Roberto Durán Ortiz


Não podemos deixar de mencionar que por meio do PAC o governo federal disponibilizou cerca de R$ 12,5 bilhões para investimento em infraestrutura de transporte público: sendo entre eles projetos de corredores e faixas exclusivas de ônibus. Investimentos estes que exigem dos governos estaduais, municipais e em alguns casos de empresas privadas a aplicação de veículos de grande capacidade: ônibus articulados, biarticulados, trólebus, etc. Há de se ponderar também que um controle mais preciso e efetivo das condições operacionais deve ser feito. Com isso novos investimentos em sistema de monitoramento, sistema de informação aos passageiros entre outros precisam ser feitos.

Os grandes centros urbanos, além de concentrar uma grande parte da frota de veículos atraem cada vez mais pessoas das regiões rurais em busca de emprego, o que segundo o IBGE (Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística), essa tendência demográfica vem sendo comum. Esse fenômeno aliado à ascensão social das classes C e D, políticas de redução para IPI, facilidades de financiamento a longo prazo tem possibilitado um agravamento e estrangulamento das vias das cidades. Com base nessas questões há de se reconhecer a importância que a população passou a contar com a Lei Federal de Mobilidade Urbana, onde os municípios com população acima de vinte mil habitantes estão obrigados a implementar a política de mobilidade.

Buscar uma participação efetiva entre sociedade, concessionária e poder concedente é uma das formas pelas quais a população deve buscar seus direitos e participação ativa das melhorias do sistema público. Integração entre os modais que compõe o transporte público deve ser priorizado junto aos municípios, quando viável, com a implantação de ônibus, trens, e lógico o incentivo a mobilidade sustentável por meio do uso de bicicletas em áreas da cidade. Todas essas modificações já começam a fazer parte de algumas de nossas cidades. Falta muito a ser melhorado, mas como já supracitado, o Brasil passa por um momento de transição no transporte público, que será visto por muitos, esse momento como um divisor de águas entre um sistema de transporte público fadado ao fracasso e o novo sistema de transporte com eficiência, rapidez e com demanda suficiente que mantenha o equilíbrio financeiro dos sistemas.

E assim com vistas a essas melhorias nos centros urbanos, é que devemos caminhar. Começa agora uma nova luta para a implantação de fato da Lei Federal, que aos poucos por meio de conscientização e busca de qualidade de vida tem sensibilizado a sociedade e possibilitado essa transformação do transporte público.

Nesse ritmo de avanços e conquistas ainda temos um longo caminho a ser percorrido e ainda há muito a ser feito para a priorização do transporte público sobre o individual, mas com empenho de gestores e concessionárias vamos trilhando um caminho de conquistas e novos horizontes para termos de fato cidades com mobilidade sustentável.

sexta-feira, 30 de agosto de 2013

Projeto na Suíça visa aumentar segurança para prostituição

Em uma área calma numa zona industrial de Zurique na Suíça, foi finalizado o projeto de um complexo onde prostitutas poderão trabalhar, acompanhado de uma nova política pública para tornar a prostituição mais segura. As mulheres terão pontos específicos onde esperar os clientes que os levarão em seguida para cabines. Ambos os pontos possuem alarmes que poderão ser acionados caso a mulher se sinta ameaçada.

O lugar pretende dar a essas mulheres a proteção que faltava. De acordo o advogado Valentin Landmann, o projeto permite que as prostitutas deixem de ser levadas para lixões e estacionamentos escuros e não fiquem à mercê dos clientes. A partir da inauguração do projeto, as prostitutas não poderão mais ser pegas em qualquer lugar da cidade e poderão trabalhar somente no complexo onde haverá também guardas para as protegerem. Até então, apesar de a indústria do sexo ser legal na Suíça, essas mulheres, que em maior parte vêm do leste europeu em situação de pobreza e vulnerabilidade, corriam riscos desamparadas pelas ruas da cidade.

As cabines sinalizadas com iluminação. BBC 
Segundo a reportagem do Opera Mundi:
"Os clientes não precisam se preocupar com a questão da privacidade, pois não haverá presença de câmeras de segurança, Já as prostitutas terão de trabalhar com um registro da prefeitura e das autoridades sanitárias, além de pagar uma pequena taxa – mas terão garantias como policiamento local efetivo, um botão automático para acionar qualquer emergência e a presença de assistentes sociais treinados."
Os objetivos principais dessa medida é assegurar a segurança das prostitutas, diminuir os transtornos causados pela atividade na rua, diminuir problemas de segurança, higiene pública e a proximidade com tráfico de drogas.

Moradores acompanharam o dia de inauguração das cabines.  Agência Efe

Para saber mais:

Zurique constrói complexo para prostitutas

Cidade suíça inaugura "drive-in" para aumentar segurança de prostitutas

sexta-feira, 16 de agosto de 2013

Novos rumos para edifício abandonado no centro de São Paulo

Vista do edifício São Manuel. Douglas Nascimento/São Paulo Antiga
O "laboratório social" como vem sendo chamado o edifício São Manuel construído em 1939,  está sendo ocupado por 170 famílias desde 2012.  O prédio que de acordo com o cineasta Manuel Moruzzi  era um “latifúndio improdutivo” vazio, com donos devedores do governo agora abriga estudantes de arquitetura, haitianos, sem-teto, evangélicos, garotas de programa e intelectuais da USP, morando com dignidade e perto do trabalho.

O edifício possui creche, sala de cinema, biblioteca, cozinha coletiva, portaria 24 horas e ainda está sendo montado no último andar, um escritório do "Coletivo Chão", formado por doutorandos e ex-alunos de arquitetura.

A participação na limpeza dos andares e na cozinha coletiva é obrigatória, e para manter a creche no segundo andar, são pagos 120 reais a duas  moradoras da ocupação. 160 reais por mês e duas horas em atividades coletivas por dia é o que gasta o morador. A missão é criar um condomínio autossustentável e forçar o governo a transformar em moradia popular o prédio que foi fechado pelos donos em 2009.

Vista de esquina do edifício São Manuel. Douglas Nascimento/São Paulo Antiga
De acordo com Luiz Fernando Janot em seu texto “A esquizofrenia do poder” esses edifícios abandonados são reflexo da falta de planejamento consciente e de longo prazo.
“O interesse do mercado em criar novas centralidades, através da oferta de edifícios corporativos e de shoppings centers, tem contribuído para o abandono de importantes prédios do centro histórico e para a degradação dos espaços públicos no seu entorno. Por que seguir o exemplo de São Paulo, que esvaziou o velho centro ao implantar, sucessivamente, novas centralidades? Por que ao invés disso não incentivar a requalificação espacial e tecnológica dos belíssimos edifícios de escritórios existentes nas áreas centrais, como está sendo feito atualmente com o Empire State em Nova York?”
O plano para o edifício São Manuel traz uma alternativa para a questão dos prédios abandonados, resolve problemas sociais como o da habitação e por fim nos leva a pensar uma nova maneira de morar, de se relacionar e viver em sociedade.


Para saber mais:

Prédio autossustentável é moradia de 170 famílias

“A esquizofrenia do poder” de Luiz Fernando Janot:

Edifício São Manoel


quinta-feira, 15 de agosto de 2013

Relato de Descaso com as Ruas e Calçadas em Poços de Caldas

Por Andrew S. Caetano

Como morador do bairro Jardim Kennedy I em Poços de Caldas, vejo diariamente ruas esburacadas, calçadas em péssimo estado e vários outros problemas. Em sua grande maioria por consequência de um trabalho mal feito ou simplesmente porque esses serviços não chegam nas áreas mais pobres da cidade. Isso é uma realidade que vem nos acompanhando há tempos. O governo só se importa com a burguesia; não dá espaço aos pobres; não dá voz ao povo.
Ruas e calçadas que deviam estar em ótimo estado já que pagamos impostos altíssimos não estão e não temos ao menos ruas decentes. Ruas onde transitam muitas pessoas estão totalmente sem segurança.


Muitas vezes vemos calçadas ocupadas por entulho e materiais de construção (areia, terra, tijolos, etc) isso, quando não estão totalmente esburacadas.


Infelizmente, esse vem sendo um cenário comum para nós, moradores da zona sul da cidade. Normalmente este cenário vêm acompanhados de duas palavras, que também são muito presentes: pobreza e desigualdade. Pessoas humildes que lutam para ter o que comer não tem condições de fazer essa reforma.


Isso também acontece com terrenos abandonados onde o entulho e o lixo tomam conta da calçada.


Mas você não só pode, como deve reclamar! Como? A obrigação de fazer a calçada é do dono do terreno e quem fiscaliza se existem calçadas e se estão em bom estado é a prefeitura (que representa o poder executivo na cidade) e se essa fiscalização não acontece, é necessário pedir esclarecimentos levando essa reclamação até a Câmara Municipal (representante do poder legislativo municipal) para que os vereadores peçam esclarecimentos à prefeitura sobre a fiscalização das calçadas. Uma boa forma de fazer isso é com um abaixo-assinado que permite que você mostre a indignação popular.

É necessário correr atrás de mudanças! Participem das reuniões na Câmara Municipal. Defenda o seu povo, suas ideias, seus princípios!

A Câmara Municipal está localizada na rua Junqueiras, Nº 454, centro. Telefone: (35) 3729-3800
Toda terça-feira tem reunião ordinária (onde são votadas as leis e propostas), às 15h. Se você estiver com algum pedido de esclarecimentos ou com alguma proposta, é uma boa hora para achar todos os vereadores presentes.

Mais informações: http://www.pocosdecaldas.mg.leg.br/

Crédito das fotografias: Andrew S. Caetano

Andrew S. Caetano
andrewsilvacaetano@hotmail.com

sexta-feira, 9 de agosto de 2013

Triptyque adapta edifício histórico em centro cultural.

Edifício da antiga subestação que se transformará em residência artística e centro cultural. Eduardo Knapp/Folhapress

O escritório de arquitetura e urbanismo Triptyque transformará em outubro o edifício de uma antiga subestação transformadora de energia em um centro cultural em São Paulo. O edifício que pertencente à Red Bull dará lugar à musica, às artes plásticas além de residência para artistas brasileiros e estrangeiros.

Apenas a fachada do edifício é tombada e deverá ser conservada no projeto de reforma e requalificação feito pelo escritório, no entanto eles optaram por conservar também grande parte do interior, aproveitando para mostrar a história do edifício aos futuros visitantes. O projeto também conta com uma intervenção contemporânea: uma cobertura externa em formato de folha, criando um novo ambiente com vista para cidade.

De acordo com a presidente do Conpresp (Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico, Cultural e Ambiental da Cidade de São Paulo), Nadia Somekh, o projeto “trata de forma contemporânea o patrimônio, preservando a história e ao mesmo tempo dando espaço para um uso atual”.

As imagens do projeto ainda não foram divulgadas. Em breve publicaremos fotos desse trabalho que salva mais uma edificação de tanto valor histórico para cidade através da requalificação e do uso adequado.


Para saber mais:

Triptyque
http://triptyqueblog.blogspot.com.br/

Triptyque transforma prédio da Light em espaço cultural, no centro de São Paulo
http://www.arcoweb.com.br/noticias/triptyque-transforma-predio-light-centro-cultural.html

Antiga estação da Light em SP vai virar centro cultural em outubro
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/2013/07/1314071-antiga-estacao-da-light-em-sp-vai-virar-centro-cultural-em-outubro.shtml


quinta-feira, 8 de agosto de 2013

Sobre as Manifestações

Por Andrew S. Caetano

Manifestação  em frente a prefeitura de Poços de Caldas, em 20 de junho. (CC - BY SA) Sandra Ribeiro/Mídia Corrente Cultural
Atualmente um dos assuntos mais populares são as manifestações. Quem dera se essa popularidade não fosse tão distorcida pela mídia que tem alienado muito o povo o que infelizmente, já acontece a muito tempo. Pessoas mascarando o real objetivo das manifestações, apenas mostrando o que os vândalos têm feito. Vândalos que se aproveitam da situação para depredar e destruir patrimônios. Sem falar em outros que aproveitam para saquear. Mas por sorte, esses constituem uma minoria. A maioria é aquela que grita, é aquela que luta por melhores condições de vida, de transporte público, por uma reforma política... Enfim, o povo que está lá mostrando sua indignação com a atual situação do nosso país.

E tem gente que pergunta, isso tudo é só por R$0,20 centavos? Não! Essa era a gota que faltava num copo que já estava transbordando de tanta corrupção, de tanto descaso com a população que paga impostos caros e não recebe quase nada em troca. Precisamos de mudanças! Depois que aconteceram as manifestações em São Paulo, pelo passe livre, começaram a ocorrer várias outras, em vários pontos do Brasil.

 O povo acordou? Tomara! Espero que a maioria das pessoas não esteja indo só por "status" ou para tirar uma foto e colocar no "Facebook". Espero que o povo esteja indo com objetivo, com garra, com a esperança de que algum dia, tenhamos um país melhor. E o povo está agindo corretamente saindo às ruas, pois é o que temos que fazer. Sair às ruas e cobrar mudanças.

quinta-feira, 1 de agosto de 2013

Projeto para o eixo monumental inspirado nos croquis de Burle Marx

No mês de agosto Brasília receberá um projeto paisagístico para o eixo monumental inspirado nos croquis de Burle Marx de quarenta anos antes e redesenhado pelo arquiteto Haruyoshi Ono, do escritório que leva o nome do paisagista modernista.

Eixo Monumental. Divulgação/Burle Marx

O eixo receberá, entre a rodoviária e a torre de tv,  canteiros de flores, a fonte luminosa terá pista de pedestre alargada para receber maior número de pessoas e a praça será arborizada com árvores nativas, como guariroba, buriti e acácia, já que usar a vegetação própria da região é um princípio de Burle Marx. Calçadas e ciclovias ligam os dois lados do eixo monumental que conecta os setores hoteleiros norte e sul, e espelhos d'água prometem levar mais umidade ao local deixando o ar mais agradável na época da seca, além de irrigação automática.


Comparação entre o Eixo atual e o do projeto. Divulgação/Burle Marx

O professor da UNB  Frederico Flósculo diz que o projeto não possui no entanto a marca de Burle Marx e nem a complexidade e a maturidade do seu trabalho, mas não nega que será um investimento bem vindo para a cidade. Tornar a região menos árida é um dos objetivos da intervenção, explica Ono, mas será que não vemos aí também, um desejo de pensar para o pedestre, a cidade que foi feita para ser percorrida em alta velocidade? No momento que vivemos, o mundo todo está pensando em formas ecológicas de se locomover, e agora que se atentou para a necessidade de uma cidade que não seja de passagem, mas de estar e de viver, Brasília não pode permanecer na contramão.

Ainda que o autor do projeto talvez não tenha tido tal intenção, o projeto nos leva a pensar: será possível recuperar para as pessoas uma cidade projetada para veículos? Se essa é intenção, a maior dificuldade nessa ‘caminhada’ será fazer com que a pé tenha-se acesso a serviços, comércio e instituições de forma não exaustiva na capital onde tudo é setorizado e demasiado longe.

A Torre de Tv vista do Eixo. Divulgação/Burle Marx

No entanto qualificar os espaços existentes para o uso e o lazer das pessoas, como será nesse projeto, mostrando que diversão ou descanso pode acontecer no lugar que é público, já é um grande passo rumo à humanização das cidades.


Para saber mais:

Confira o projeto paisagístico de Burle Marx para o Eixo Monumental - Lugar Certo 
http://www.lugarcerto.com.br/app/402,61/2013/07/25/interna_ultimas,47139/confira-o-projeto-paisagistico-de-burle-marx-para-o-eixo-monumental.shtml

Implantação do projeto paisagístico de Burle Marx no Eixo Monumental, em Brasília, é aprovada
http://www.piniweb.com.br/construcao/urbanismo/implantacao-do-projeto-paisagistico-de-burle-marx-no-eixo-monumental-293249-1.asp

Novacap retira 26 árvores do Eixo Monumental, em Brasília
http://g1.globo.com/distrito-federal/noticia/2013/12/novacap-retira-26-arvores-do-eixo-monumental-em-brasilia.html

terça-feira, 23 de julho de 2013

Dois Viadutos, 94 Árvores e uma População Organizada

Como um grupo de de cidadãos de Fortaleza conseguiu parar a construção de dois viadutos e o desmatamento de um parque.


Foi anunciada no último dia 5 de julho a construção de dois viadutos no cruzamento das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior, em Fortaleza, para resolver o problema de congestionamento de veículos na região. Parte da área destinada à construção dos dois viadutos está no Parque Ecológico do Cocó, e para tal obra seria necessário o corte de 94 árvores (1).

Ilustração dos dois viadutos. Prefeitura de Fortaleza - Divulgação

O bairro de alta renda (2) onde foi anunciada a construção do viaduto tem o mesmo nome do parque e uma das avenidas do cruzamento que receberá os viadutos, a Engenheiro Santana Júnior, é onde está localizado o Shopping Iguatemi Fortaleza. De acordo com a  Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) a obra, que faz parte do "Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor)", foi orçada em R$ 17.348.534,00 e deveria ser concluída em 420 dias (1).

Região onde seria construídos os Viadutos. Google Mapas

Assim que o desmatamento da área teve início, no dia 12 de julho o grupo Crítica Radical (3) iniciou uma manifestação escrevendo mensagens de protesto contra o corte das árvores, retirando os tapumes que escondiam as árvores derrubadas e expuseram os troncos cortados na Avenida Engenheiro Santana Júnior. Três dias depois enquanto o grupo voltava ao local para retomar os protestos (4), o superintendente do Patrimônio da União do Estado do Ceará (SPU-CE), Jorge Luiz Queiroz, anunciou que iria pedir o embargo da obra (5). No dia seguinte O juiz Francisco Chagas Barreto Alves, da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza, decidia em caráter liminar, suspendê-la (6).

Mensagens de protesto e os troncos cortados. Gilson Melo

No mesmo dia da suspensão, estudantes do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) lançaram um concurso nacional para reunir projetos alternativos à construção dos viadutos (7). Segundo um dos organizadores, Víctor Rocha, a proposta inicialmente é direcionada a arquitetos e urbanistas, mas todos podem participar. As propostas devem ser enviadas para o e-mail cacau@arquitetura.ufc.br até 10 de agosto. Elas devem ser apresentadas em arquivo .pdf em prancha no tamanho A3. Paralelo ao concurso, o grupo Direitos Urbanos em Fortaleza publicou uma petição e uma carta aberta aos habitantes de Fortaleza, ao Prefeito Roberto Cláudio e ao Governador Cid Gomes sobre mobilidade urbana e solicitando de forma definitiva a interrupção das obras de construção dos viadutos.

Cartaz do concurso.

Para tentar limpar os efeitos negativos ambientais e políticos que o corte das árvores causou, a prefeitura iniciou no dia 19 o plantio de 50 mudas de árvores em outra área do Parque do Cocó (8) .

Este é mais um exemplo bem sucedido em que a população organizada conseguiu se manifestar, discutir e suspender a construção de obras públicas caras, elitistas e ineficazes. Como é dito e um vídeo do grupo Direitos Urbanos (9) "Combater o congestionamento alargando vias, é como combater a obesidade afrouxando o cinto".


Histórico

(1) - 5/7 - Obra dos viadutos na Antônio Sales começa nesta sexta, em Fortaleza
http://g1.globo.com/ceara/transito/noticia/2013/07/obra-de-viadutos-na-antonio-sales-comeca-nesta-sexta-em-fortaleza.html

12/7 - Corte de árvores para construção de viadutos causa polêmica no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/corte-de-arvores-para-construcao-de-viadutos-causa-polemica-no-ceara.html

(3) - 12/7 - Grupo protesta contra derrubada de árvores no Parque do Cocó, no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/grupo-protesta-contra-derrubada-de-arvores-no-parque-do-coco-no-ceara.html

(4) - 15/7 - Grupo volta a protestar contra corte de árvores no Parque do Cocó, no CE
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/grupo-volta-protestar-contra-corte-de-arvores-no-parque-do-coco-no-ce.html

(5) - 16/7 - Patrimônio da União pedirá embargo de obras de viadutos no Cocó, no CE
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/patrimonio-da-uniao-pedira-embargo-de-obras-de-viadutos-no-coco-no-ce.html

(6) - 16/7 - Justiça determina suspensão de obras no Parque do Cocó, no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/justica-determina-suspensao-de-obras-no-parque-do-coco-no-ceara.html

(7) - 17/7 - Alunos da UFC criam concurso para captar alternativas a viadutos no Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/alunos-da-ufc-criam-concurso-para-captar-alternativas-viadutos-no-coco.html

(8) - 22/7 - Prefeitura de Fortaleza planta árvores no Parque do Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/prefeitura-de-fortaleza-planta-arvores-no-parque-do-coco.html

22/7 - MPF-CE recomenda que SPU exija relatório ambiental de obra no Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/mpf-ce-recomenda-que-spu-exija-relatorio-ambiental-de-obra-no-coco.html

Referências

(2) - Bairro Cocó (Fortaleza)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bairro_Coc%C3%B3_(Fortaleza)

(9) - Crítica à Reforma da Via Expressa e aos Viadutos Hot Wheels
http://youtu.be/CcxKgq9e2Rk

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Coletivo Boamistura

Por Caroline Magalhães

O Coletivo Boamistura é um grupo espanhol formado por cinco artistas urbanos que nasceu no final de 2001 na cidade de Madri. O coletivo espanhol que tem nome em português, já interveio em vários lugares do mundo como na África, Noruega, Berlim e até no Brasil, em São Paulo. O nome do grupo faz referência à diversidade de formações e pontos de vista de seus membros, são visões distintas que se misturam em favor de um único resultado.

A arte do coletivo acontece principalmente no espaço urbano e no Brasil seu trabalho foi na favela Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Lá eles ficaram 15 dias hospedados nas casas dos moradores e com a ajuda deles espalharam palavras de motivação pelos becos e vielas da favela, utilizando um truque que faz com que as letras pareçam estar flutuando se visto do ângulo ideal. O projeto "Luz nas Vielas" contou principalmente com a ajuda das crianças, o que estabeleceu uma relação especial delas com esse espaço. As cores poderão também auxiliar na orientação espacial de quem caminha, além de toda a beleza que a pintura trouxe ao lugar.










O coletivo realizou projetos relevantes em diversas partes do mundo trazendo vida a áreas degradadas das cidades. A seguir podemos ver algumas:

Na Casbá de Argel, capital da Argélia, é conservada a cor branca antiga e envelhecida e sobreposto um branco novo, fazendo-se desenhos nesses dois tons e remetendo a cor típica das casas.


O projeto "Somos Luz" na Cidade do Panamá, capital do país com mesmo nome, os corredores de um edifício recebem cores abstratas que ganham vida com cenas diárias como pendurar roupas, formando composições em que toda a cena se transforma em arte.


Na cidade de Hamar na Noruega, em uma praça que foi redesenhada, pintou-se um tapete de 1500 m² que remete às roupas norueguenses tradicionais. Esse é o "Sonhar Amar".



Crédito das fotografias: Coletivo Boamistura

Para saber mais:

boamistura
http://www.boamistura.com/

Intervenções urbanas se espalham e desafiam a concepção de cidade
http://oglobo.globo.com/amanha/intervencoes-urbanas-se-espalham-desafiam-concepcao-de-cidade-7359778

quinta-feira, 18 de julho de 2013

João Sette Whitaker sobre o urbanismo atual no Brasil e os megaeventos


Entrevista com João Sette Whitaker que fala de forma muita clara e em apenas 5 minutos sobre o urbanismo atual no Brasil e os megaeventos.

João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto, urbanista e economista, é professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo e na Universidade Mackenzie. Escreveu livros sobre urbanismo e mantém um blog sobre o tema: http://cidadesparaquem.org/

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Handmade Urbanism

Desenho de Paulo Ayres

Marcos Rosa, um dos idealistas do livro e da exposição "Handmade Urbanism" (em português: "Urbanismo Feito à Mão") em entrevista à Folha de S.Paulo.

O livro, vencedor do prêmio "Deutsche Bank Urban Age Award", apresenta ações inovadoras em cinco cidades de países emergentes (Bombaim, São Paulo, Istambul, Cidade do México e Cidade do Cabo).

Endereço da entrevista:
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/06/1290228-urbanismo-feito-a-mao-e-tema-de-livro-e-mostra-no-edificio-copan.shtml

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O que é Transporte Ativo?


Em menos de dois minutos e meio, o conceito de "Transporte Ativo" é explicado neste vídeo bastante didático e são enumeradas as vantagens sobre o "Transporte Passivo" isto é, o transporte motorizado.

domingo, 14 de julho de 2013

Sociedade do Automóvel

Cartaz oficial do filme.

"11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia. No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas. Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar. Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar."

Neste excelente documentário, são reveladas os problemas que o uso dos carros causam em todos os aspectos da vida urbana. O filme pode ser baixado e assistido no site oficial ou no YouTube.

Site oficial:
http://www.ta.org.br/sociedadedoautomovel/

Endereço para assistir o filme no YouTube.
http://www.youtube.com/watch?v=02bmZXgUaXU&feature=share&list=PLrfUVV62L3YNS7OJ1RKqQ0cLvl_CQDWVn

Título: Sociedade do Automóvel
Produção: Branca Nunes e Thiago Benicchio
País: Brasil
Ano: 2005
Duração: 39'

sábado, 13 de julho de 2013

Manual de Urbanismo para Asentamientos Precarios

Manual de Urbanismo Buenos Aires
Capa do livro.

A Secretaria de Ação Comunitária da Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires criou o livro "Manual de Urbanismo para Assentamientos Precarios" com a finalidade de guiar os moradores de bairros em desenvolvimento nos processos de regularização, na implementação de infraestrutura e na construção de habitação adequada.

O Manual, todo ilustrado, com infográficos e bastante didático, está dividido nos seguintes capítulos:
1. Para quem serve este manual
2. Como construir meu bairro
3. Como legalizar meu bairro
4. Caminhos para construir a casa
5. A organização e a dinâmica de grupo
6. Anexos

Endereço para baixar o livro gratuito em espanhol:

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cidades Inteligentes da Ásia e uma discussão sobre Cidades Planejadas


Por Caroline Magalhães

A Ásia está construindo cidades utópicas a partir "do zero" com a previsão de término para 2025. O projeto dessas cidades, Songdo na Coreia do Sul, e Masdar, nos Emirados Árabes, são inspiradas no conceito de "Smart City" (em inglês: "cidade inteligente") e tem-se a pretensão de que sejam modelos de cidade padrão para as próximas cidades que virão em todo o mundo. Mas a questão é: será que realmente o objetivo de 'cidades padrão' pode ser alcançado ou poderíamos nomear melhor como 'cidades teste', onde as chances da cidade não "funcionar" são consideráveis já que são aplicados modelos que nunca antes saíram do papel?

Ilustração da vista aérea de Songdo.  Divulgação

Em Songdo praticamente tudo estará conectado à internet. As garrafas de refrigerante possuirão sensores que computarão desconto nos impostos para pessoas que as jogarem no cesto de lixo. Essa e várias outras diretrizes deixam claro a ambição de induzir um comportamento nas pessoas, um comportamento mais evoluído, porém reflexo de uma sociedade que precisa ser premiada para fazer o certo. Talvez esse método supere de longe a eficácia dos programas de conscientização que temos hoje, entretanto pode ser que ele force uma mudança de pensamento ou pode ser que a revolução seja apenas superficial, e não do indivíduo.

Em Songdo, a meta é que se tenha uma cidade sem trânsito e que postes de luz possuam sensores que diminuam a intensidade da iluminação quando não tem alguém por perto. Em Masdar, painéis de energia serão colocados no topo dos prédios gerando toda a energia que a cidade precisa e carros e ônibus elétricos circularão no subsolo. Não é de se negar que os projetos das duas cidades são de encher os olhos e que gera esperança, uma vez que se percebeu que pessoas são nobres e automóveis não. Cidades de alta tecnologia e ecologicamente perfeitas: as intenções são as melhores.

Urbanismo
Ilustração da vista aérea de Masdar.  Divulgação

Contudo sabe-se da distância que existe entre as boas intenções e o acerto dessas cidades planejadas do zero. Um exemplo no Brasil, é Brasília, que apesar de ter uma tecnologia muito inferior a das cidades modelo da ásia na época de sua construção, foi um verdadeiro símbolo de progresso, que hoje tanto decepciona. Esse é um bom momento para se discutir os prós e contras das cidades planejadas e cidades espontâneas.

Como a vivência de uma cidade criada racionalmente pode superar a das cidades espontâneas? Cidades estas que aconteceram instintivamente, aos poucos, sendo moldada pelos acontecimentos e observando a experiência de cada um dos moradores. Quanto às cidades planejadas: será mesmo possível pensar em tudo e prever tudo? Nós convidamos vocês a imaginar: quais os possíveis imprevistos que as cidades modelo da Ásia podem enfrentar? Quais surpresas poderiam surgir nesse caminho? O que mais deve ser pensado?


Para saber mais:

Reportagem da Folha de S.Paulo sobre as duas cidades
http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/07/1303359-asia-constroi-cidades-inteligentes-do-zero-ao-custo-de-us-102-bi.shtml

Site oficial de Songdo
http://www.songdo.com/

Site oficial de Masdar
http://www.masdar.ae/

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Citações #1


Citado em "Prisioneiros da liberdade‎" - Página 157, de Rodrigo Constantino - Soler Edítora, 2004, ISBN 8598183091, 9788598183091 - 325 páginas em  http://pt.wikiquote.org/wiki/Arnold_Toynbee

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Colabore com o Urbanismo Diário!

Urbanismo Máquina de Escrever
Montagem de Urbanismo Diário sobre imagem de SpecialEdition87.tumblr.com

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segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quais são os passos para a criação de um Conselho Municipal?


Conselho Municipal Passos Urbanismo
A Ágora de Atenas, local das discussões sobre a cidade, em "A Era de Péricles" quadro de  Philipp von Foltz. (CC BY-SA 3.0)

Adaptado da página "Como criar um conselho".

Passo 1: Pesquisa sobre o Tema

O primeiro passo para a criação de um Conselho Municipal é a pesquisa do tema sobre o qual o conselho irá tratar. É importante pesquisar como funcionam os conselhos sobre o mesmo tema em outras cidades, e os conselhos de temas relacionados na mesma cidade e, como são os conselhos estaduais e nacionais sobre este tema. Também é importante pesquisar quais são as políticas e planos nacionais, estaduais e municipais para o tema e as leis relevantes.

Passo 2: Mobilização da sociedade

Quanto maior a participação popular, maior a chance de o conselho funcionar com efetividade. Por isso, a etapa de mobilização é fundamental.

Se não existe discussão sobre o tema que se pretende criar o conselho no seu município, é preciso começar o debate, reunindo pessoas interessadas, entidades relacionadas com o tema, especialistas na área, etc. É importante incluir ao máximo a diversidade dos segmentos, para se ter um olhar mais heterogêneo sobre as questões do assunto e refletir a pluralidade dos atores que atuam no tema na base da criação do conselho.

Isso pode ser feito por meio da realização de encontros nas comunidades, seminários, audiências públicas, etc. Se houver uma previsão de realização de uma conferência nacional no mesmo período, é interessante se inserir neste calendário e alinhar-se com as temáticas que estão sendo debatidas. O importante é reunir a população e abrir espaço para que cada um expresse seus anseios e inquietações e coloque a sua disponibilidade de se envolver neste processo.

Os meios de comunicação (tvs, rádios e jornais locais, sites) podem ajudar bastante não só para convocar os participantes para os encontros, como também para provocar a reflexão e sensibilizar a opinião pública sobre as questões do tema, promovendo um cenário propício para a criação do conselho.

O debate nos encontros pode incluir a realização coletiva de um diagnóstico sobre o tema no município, levantando potencialidades e necessidades e suas prioridades. O registro destas definições pode subsidiar futuramente a construção de Plano Municipal.

Os encontros também são uma excelente oportunidade para definir qual é o formato de conselho desejado. Neste momento, é importante analisar quais são as possibilidades e limites da atuação do conselho no contexto onde ele está inserido, de maneira a garantir que não haja um descompasso entre o modelo proposto e o que é possível ser realizado e evitar uma situação recorrente na trajetória desses espaços, onde a prática se dá completamente diferente do que está previsto no papel.

Passo 3: Sensibilização do Poder Público

Apesar de provavelmente existir um consenso sobre a importância do tema e suas especificidades, nem sempre ela é encarada como prioridade na agenda dos gestores. Por isso, o primeiro passo deve ser sensibilizar as secretarias que serão envolvidas e, em especial, o núcleo do governo (prefeito, vice, secretário de governo, etc). Sem esta disposição, a estruturação do conselho pode nunca sair do papel.

Deve-se considerar também a importância da parceria com a Câmara Municipal, afinal são vereadores que aprovarão o projeto de lei de criação do conselho e outras propostas que podem ser apresentadas futuramente.

É fundamental que, nos seus argumentos, se utilize dados concretos e números oficiais, e que sejam reforçados não apenas os problemas que afligem o tema, mas o potencial para resolvê-los e a capacidade de decidir sobre a sua trajetória.

Passo 4: Formalização

Feito o diálogo com a sociedade, o passo seguinte é apresentar as propostas para o decreto ou lei que regulamentará a criação do conselho. O decreto é assinado pelo prefeito ou governador e pode ser revogado numa gestão posterior. O projeto de lei precisa ser aprovado pela Câmara dos Vereadores ou Assembleia Legislativa, portanto, oferece uma garantia maior para que a instância seja mantida independente das mudanças no cenário ou no grupo político que estiver à frente da administração. O documento da lei ou decreto deve conter os objetivos do conselho, como ele será estruturado (comissões, papéis e atribuições) e definir critérios para sua composição. Não é preciso começar do zero. Pode-se aproveitar as experiências de outros municípios e estados e basear-se nos documentos por eles produzidos, adequando às suas necessidades.

Passo 5: Composição

No Brasil, não existe uma norma de padronização da composição dos conselhos. Alguns conselhos possuem o mesmo número de representantes do poder público e da sociedade civil, outros optaram por um terço e dois terços, respectivamente. A escolha depende do modelo da gestão municipal, do contexto local, dos recursos, etc.

Seja qual for o formato escolhido, algumas dicas são importantes:

• Na hora de articular quais serão as secretarias que terão assento no conselho, é mais produtivo priorizar as que têm uma relação mais direta com as questões do tema. A mesma lógica deve ser seguida com relação à escolha de quem irá representar cada secretaria. O representante deve necessariamente estar ligado a uma ação ou setor que tenha este foco, ou seja, que tenha vivência no tema. Assim, é garantido um envolvimento maior e uma ocupação mais qualificada;

• Embora existam experiências de composição da representação da sociedade civil a partir de indicações governamentais, é mais adequado que seja formado por um processo de eleição que, preferencialmente, deve acontecer durante uma assembleia pública ou conferência, a partir de critérios transparentes e compartilhados. É recomendável abrir um espaço para que as entidades possam se articular internamente, nos segmentos com os quais se identifiquem. Isto deve acontecer de forma autônoma, permitindo que os acordos e as escolhas aconteçam sem interferência do poder público. Onde não houver um consenso, a escolha pode ser norteada por critérios objetivos, como a frequência de participação nos debates, a amplitude da sua atuação, capilaridade, entre outros.

Já na definição dos representantes, sejam do poder público, sejam da sociedade civil, algumas capacidades e habilidades devem ser levadas em conta na definição de sua capacidade de representação, decisão, expressão, defesa de propostas e negociação, como a transparência, a disponibilidade para informar e sua habilidade de fiscalizar, se comunicar com a mídia e mediar conflitos.

Após a identificação dos membros do conselho, é necessário que eles sejam formalizados, com uma nomeação oficial, ritualizada com a cerimônia de posse aberta à sociedade.


Para saber mais:
Guia de Conselhos de Juventude

domingo, 7 de julho de 2013

Radiant City


Urbanismo Andrés Duany Condomínios Alastramento Urbano
Cartaz do filme.

Neste filme é contada a história da família Moses que se muda para uma nova casa em um condomínio em construção. Embora morem a uma distância andável ou seja, que possa ser percorrida a pé, dos atrativos que uma família de classe média precisa: lojas, escolas, etc., a configuração do bairro com ruas e calçadas sem conexão umas com as outras, fazem com que a família seja dependente do carro para qualquer necessidade. Neste condomínio isolado dos outros condomínios e da cidade, seus habitantes também se sentem isolados, em casas cada vez maiores e cheias de tédio.

O filme tem comentários de urbanistas famosos como: Andrés Duany, James Howard Kunstler, Beverly Sandalack, Ken Greenberg, Joseph Heath, Mark Kingwell e Marc Boutin.

O título do filme "Radiant City" em português, "Cidade Radiante", faz referência à cidade hipotética do arquiteto e urbanista suíço, Le Corbusier "Ville Radieuse" onde toda a mobilidade da cidade é feita por veículos motorizados.

Endereço para assistir integralmente o filme, com legendas em inglês: http://www.nfb.ca/film/radiant_city

Direção: Gary Burns e Jim Brown
Produção: Shirley Vercruysse e Bonnie Thompson
Trilha Sonora: John Bissell, Natalie Baartz e Joey Santiago
Distribuição: Alliance Atlantis
Data de Lançamento: 10 de setembro de 2006
Duração: 93 minutos
País: Canadá
Idioma: Inglês

sábado, 6 de julho de 2013

O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia

Capa do livro.

O livro de hoje é "O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia" da urbanista e historiadora francesa Françoise Choay, publicado em 1965. O livro conta a história do pensamento urbanístico desde o final do século XVIII até meados do século XX.

Dividindo os capítulos em grupos de urbanistas, a autora compara as duas correntes principais do urbanismo: a Progressista e a Culturalista. A primeira corrente, representada por Le Curbusier, defende a técnica como solução para os problemas urbanos enquanto a segunda, representada por Camillo Sitte, defende a o estudo das cidades clássicas para entender os problemas das cidades modernas.

Capítulos
I. O Pré-urbanismo Progressista
II. O Pré-urbanismo Culturalista
III. O Pré-urbanismo Sem Modelo
IV. O Urbanismo Progressista
V. O Urbanismo Culturalista
VI. O Urbanismo Naturalista
VII. Tecnotopia
VIII. Antrópolis

Título: O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia
Autora: Francoise Choay
Ano de Publicação: 1965
Tradução: Dafne Nascimento Rodrigues
Editora: Perspectiva, Série: Estudos
ISBN: 8527301636
Páginas: 350