quarta-feira, 29 de maio de 2013

O Novo Código Florestal e as Cidades

Vista de São Paulo da Serra da Cantareira. Gabor Basch
Na última segunda-feira, dia 25 de maio, o Novo Código Florestal completou um ano de existência. Segundo estudo da The National Conservancy, as florestas brasileiras podem perder até 40% de área protegida pelo antigo Código Florestal. Somada a permissividade do novo código, quem desmatou até 2008 está anistiado da obrigação de reflorestar. 

E para agravar a situação, os detalhes práticos do novo código ainda não foram regulamentados, como por exemplo, um dos seus únicos avanços, o Cadastro Ambiental Rural, que possibilita a fiscalização das áreas a serem protegidas. Assim, o novo código segue sem ser posto em prática o que de acordo com o Greenpeace, "o processo de implementação da legislação estagnou-se e os conflitos no campo seguem a todo vapor."

E não é só nas matas e fazendas que novo código irá afetar, as cidades com seus rios, córregos e matas também estão sob o impasse desta lei. Por exemplo, como será a aplicação da distância de 15 metros nos córregos dentro das cidades, geralmente já ocupados por construções e avenidas?

O Greenpeace está recolhendo assinaturas para que uma nova lei de iniciativa popular seja aprovada e limite o desmatamento. Para quem quiser assinar, o link é: http://www.ligadasflorestas.org.br/?utm_source=websitegpbanner

Para saber mais:

Reportagem do Greenpeace
http://migre.me/eMroy

Reportagem com o estudo da National Conservancy
http://migre.me/eMrrv


Foto:
Título: Vista da cidade de São Paulo no núcleo Pedra Grande, no Parque Estadual da Serra da Cantareira.
Autor: Gabor Basch
Licença: Creative Commons Atribuição 2.0 Genérica (CC BY 2.0)

quinta-feira, 23 de maio de 2013

Reurbanização da Avenida Rio Branco

Ilustração do projeto do calçadão na área da Cinelândia. Divulgação/SMO
Trecho de 700 metros da avenida Rio Branco, no centro do Rio de Janeiro, se transformará em um calçadão arborizado. A obra tem custo estimado em 87,8 milhões de reais e terá início em setembro de 2013 e prazo de conclusão para o final de 2015.

O calçadão se estenderá da avenida Presidente Wilson até a avenida Nilo Peçanha passando pela Câmara dos Vereadores, Teatro Municipal, Museu Nacional de Belas Artes e Biblioteca Nacional.

No calçadão o tráfego de veículos será restrito ao abastecimento dos estabelecimentos comerciais, aos prédios com garagem e aos veículos de emergência. Segundo notícia do Globo:
"Pelo projeto, a esplanada da Rio Branco teria piso de granito serrado, nas cores branca, cinza e vermelha. Junto aos edifícios históricos, a pavimentação de pedra portuguesa seria mantida. Estão previstas palmeiras para arborizar a área, que ganharia ainda bicicletários de aço inoxidável e vidro temperado e uma iluminação especial, para realçar as construções históricas, o mobiliário e a vegetação."
A opinião do presidente do Instituto de Arquitetos do Brasil (IAB), Sérgio Magalhães em entrevista ao Globo é de que " O trecho escolhido não alimenta uma circulação de pessoas como no restante da avenida, onde existem prédios comerciais. Há que se discutir se essa esplanada não ficaria ociosa."

Para saber mais:

Notícia publicada no site da Prefeitura do Rio
http://www.rio.rj.gov.br/web/guest/exibeconteudo?article-id=3821705

Notícia publicada no Piniweb
http://www.piniweb.com.br/construcao/urbanismo/licitacao-da-reurbanizacao-da-avenida-rio-branco-no-rio-de-288732-1.asp

Notícia publicada no Globo
http://oglobo.globo.com/rio/reurbanizacao-da-avenida-rio-branco-comeca-em-setembro-8370382

Notícia publicada no Jornal do Brasil
http://www.jb.com.br/rio/noticias/2013/05/13/avenida-rio-branco-sera-transformada-em-grande-parque-urbano/

terça-feira, 21 de maio de 2013

Jovens Americanos se Interessam Menos por Carros

Apple Store na frente do prédio da General Motors, em Nova York. Reuters 
Segundo reportagem do Los Angeles Times, a procura por tirar a carteira de habilitação caiu 50% em 30 anos entre os adolescentes de 16 anos, idade inicial para conseguir a habilitação.

Em 1983, quase a metade dos adolescentes de 16 anos tinha carteira de habilitação, em 2010 este número caiu para 28%, segundo pesquisa da Universidade de Michigan.

Além do desinteresse em tirar a licença de motorista, houve também uma queda na venda de carros entre americanos de 18 a 34 anos. Em abril de 2007, 17% dos carros foram comprados por esta faixa etária, enquanto que em 2012 foi apenas 11%. 

Os motivos apontados são vários, desde a recessão da economia norte-americana até mudanças de comportamento. Segundo reportagem da agência de notícias Associeted Press, 53% dos americanos recém formados ou estão desempregados ou subempregados.  Está mais difícil e caro conseguir a carteira de habilitação e os jovens estão fazendo as compras pela internet ou preferem investir seu dinheiro em computadores e celulares.

Essa tendência, que também foi observado no Japão, pode ter várias consequências para o urbanismo. As pessoas poderão se interessar em andar mais a pé, usar bicicleta, transporte coletivo ou até mesmo alugar um carro, ao invés de tê-lo.

Para saber mais:

Matéria traduzida pelo Estado de S. Paulo.
http://www.estadao.com.br/noticias/impresso,com-internet-quem-precisa-de-carro-,1014918,0.htm

Matéria original em Inglês
http://articles.latimes.com/2013/mar/15/autos/la-fi-hy-autos-teen-driver-20130316-1

Priemiera matéria publicada
http://www.bloomberg.com/news/2012-08-07/gen-y-eschewing-v-8-for-4g-threatens-auto-demand-cars.html

Matéria derivada da primeira
http://www.theatlantic.com/business/archive/2012/08/why-are-young-people-ditching-cars-for-smartphones/260801/

quarta-feira, 15 de maio de 2013

Qual é a melhor maneira de cuidar dos prédios históricos?

Casarão no centro de Belém. Paulo Akira/ O Liberal

Em Belém a prefeitura está multando os donos dos casarões que estejam abandonados no centro da cidade. Será que essa é uma boa solução? Vamos supor que os proprietários dos imóveis tombados realmente façam as reformas nos edifícios. Se o donos dos casarões não estão muito convencidos da importância da preservação do patrimônio histórico será que a reforma será bem feita ou só uma "maquiagem" para evitar a multa? E a manutenção posterior? Será feita ou só quando a prefeitura ameaçar multar o proprietário novamente?

Continuando na suposição de que os casarões sejam reformados, se eles estiverem vazios, desocupados, sem um uso adequado qual é o sentido de preservar? Só para "compor a paisagem"? As grandes cidades brasileiras sofrem com a desvalorização dos centros e, se a região dos imóveis tombados não é vivida pelos seus moradores, se as pessoas não andam nas ruas, como manter os casarões úteis à cidade?

Todos habitantes tem um papel na preservação da patrimônio e da identidade cultural da cidade. Se a única solução for o governo impondo que os proprietários preservem os imóveis, provavelmente não vai dar certo, como não tem dado. Mas se a população como um todo, incluindo os proprietários dos casarões, se conscientizar da importância desses edifícios e da revalorização do bairro no entorno aí sim pode ser que funcione. O poder público incentivando e guiando as reformas, o proprietários percebendo que todo dinheiro investido na manutenção da cidade retornará à ele multiplicado e por fim, toda a cidade que terá a auto-estima elevada, reflexo de seus habitantes. Afinal, qual o sentido de existir uma cidade sem identidade?

Para saber mais:

Notícia no G1
http://g1.globo.com/pa/para/noticia/2013/05/donos-de-casaroes-abandonados-podem-ser-multados-em-belem.html

quinta-feira, 9 de maio de 2013

Homenagem a Paolo Soleri

Paolo Soleri em Cosanti
Paolo Soleri em Cosanti, 1948. Leonard McCombe/Time & Life Picture/Getty Image

Por Mário Carvão

Há um mês, morria aos 93 anos, Paolo Soleri, arquiteto e urbanista italiano pioneiro da arquitetura ecológica e criador do Arcosanti.

Paolo Soleri nasceu em Turim, Itália, no dia 21 de junho de 1919, solstício de verão no hemisfério norte. Se forma em arquitetura no Politécnico de Turim em 1946 e no ano seguinte viaja aos EUA para colaborar com Frank Lloyd Wright nas escolas de arquitetura de Taliesin West no Arizona, e de Taliesin East em Wisconsin. De volta à Itália, projeta a fábrica de cerâmica "Ceramica Artistica Solimene" onde ganha experiência para criar seus famosos sinos de vento.

Em 1956, Soleri volta para o Arizona e junto com sua esposa Colly, criam a Cosanti Fundation, um instituto de ensino e fábrica de sinos que o permitiria desenvolver seus conceitos e financiar a construção de seus projetos. Neste período Soleri cria o conceito de Arcologia (em inglês: Arcology) que significa a arquitetura coerente com a ecologia, abrindo caminho para gerações de arquitetos interessados em projetos mais sustentáveis.

Em 1970 seu grande experimento nasce. No deserto do Arizona, Paolo Soleri dá início à construção do Arcosanti, uma cidade projetada para seguir os princípios da Arcologia. Ajudado por mais de 6.000 voluntários de todo o mundo ao longo de mais de 40 anos de construção, Arcosanti se torna um marco no urbanismo por porpor uma cidade sem carros e orientar seus edifícios de acordo com o sol.

De abril a agosto de 2006, tive a grande sorte de participar como voluntário no Arcosanti. Além da linda paisagem do deserto e da arquitetura e das ideias inovadoras postas em prática, o que mas me marcou foi a amizade e senso de comunidade existentes lá. Se ainda pode ser que falte muito para que possa ser chamada de cidade (Arcosanti só tem 100 moradores), como comunidade já pode ser considerada um sucesso.


PS: Paolo Soleri e Frank Lloyd Wright faleceram no mesmo dia, 9 de abril. Paolo em 2013 e Frank em 1959.

sábado, 4 de maio de 2013

Homenagem à Jane Jacobs

Jane Jacobs.  TS/KEYSTONE USA / Rex Features, via janejacobswalk.org

Hoje, 4 de maio, é o aniversário de Jane Jacobs (1916-2006), considerada uma das urbanistas mais influentes do século XX. Escreveu "Morte e Vida de Grandes Cidades", que se tornou um dos livros mais lidos, tanto por especialistas quanto pelo público geral, sobre cidades e urbanismo. Pioneira em diversas ideias, conseguiu aplicar os conceitos teóricos com a mobilização social.

Jacobs nasceu em Scranton, EUA, uma cidade predominante católica. Vinda de uma família protestante, desde a infância se acostumou a ter posições discordantes da maioria. No começo de sua carreira trabalhou como jornalista em diversas publicações e se interessou pelas transformações ocorridas em Nova York, cidade para onde se mudou. Morava no bairro de Greenwich Village quando ganhou destaque ao organizar os moradores para impedirem a construção de uma via expressa que cortaria o bairro em dois e destruiria um parque central no bairro.

Após o destaque que a mobilização recebeu da mídia, foi convidada a escrever especificamente sobre urbanismo. Assim nasceu seu livro mais conhecido, "Morte e Vida de Grandes Cidades", de 1961, onde Jacobs defende a vitalidade das cidades. Segundo a autora, a vitalidade é alcançada com o uso misto do espaço, que é a mistura das funções: habitação, comércio e serviços, numa mesma vizinhança; diversidade de renda entre os moradores, ou seja, lugares sem segregação, com ricos, classe média e pobres morando juntos uns dos outros; e, por fim, desafia o urbanismo modernista ao perguntar se as cidade são feitas para as pessoas ou para os carros.

Mesmo não sendo urbanista de formação ou possuindo algum diploma universitário, e chamada por seus críticos como “dama louca” ou desmerecida como uma dona de casa se interferindo nos negócios majoritariamente masculinos na época, Jacobs se posicionou ao escrever livros e artigos inovadores sobre temas além do urbanismo, como política e economia.

quinta-feira, 2 de maio de 2013

O Chafariz e o Muro

Trabalhadores instalando os painéis de vidro. Avener Prado/Folhapress 
Hoje, dia 2 de maio será reaberta para a população de São Paulo o chafariz "Fonte Monumental da Praça Julio Mesquita". Após oito meses e 500 mil reais, a fonte reaberta será cercada por painéis de vidro. Segundo Fábio Donadio, chefe da Seção Técnica de Monumentos e Obras Artísticas do DPH, "Os vidros vão ser colocados para que a fonte não se torne uma piscina, um banheiro público ou um tanque de lavar roupa, como já vimos acontecer". 

Se nos lembrarmos que originalmente, quando não havia água encanada em todas as casas, as fontes eram de fato utilizadas pelas pessoas para se abastecerem de água potável e lavarem roupas, o que era feito no meio de espaços públicos e que as tornavam lugares de encontro, impedir que as pessoas se banhem ou lavem as roupas nos chafarizes é um contrassenso.

A fonte também conhecida pelas lagostas de bronze que a decoram foi instalada na região da Praça da República o que segundo Donadio, "no local onde está o monumento, em plena cracolândia, colocar uma lagosta de bronze é pedir para haver vandalismo." Seguindo essa lógica, então seria melhor colocar a fonte em um shopping ou em bairros de elite já que as pessoas que os frequentam não praticam o vandalismo.

Outro problema identificado pelo responsável pelo restauro, é que "As pessoas que estão morando nas ruas não fazem xixi nas árvores, eles querem fazer nos monumentos. As marcas de ureia não saem." 
Quanto à preferência do local onde fazer xixi, se em árvores ou em monumentos, é difícil opinar já que para quem mora na rua ou seja não tem casa nem banheiro e praticamente não existem sanitários públicos nas cidades, não existe muita opção. Será que parte do dinheiro usado na reforma não poderia ser usada para construir banheiros públicos?

Após a reforma, as duas características que identificam o chafariz não existem mais. A fonte não cumpre mais seu papel de possibilitar o contato da água com as pessoas, em um país tropical, já que está cercada por vidros e as lagostas não são mais de bronze, são de resina plástica. Mas para quem está acostumado a viver as cidades por trás dos vidros dos carros não faz muita diferença se a lagosta é de metal ou plástico ou se água da fonte serve para alguma coisa.

Para saber mais:

Notícia na Folha de S. Paulo
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1246629-fonte-ganha-aquario-para-nao-ser-mais-usada-como-banheiro.shtml

Análise de Fernando Serapião
http://www1.folha.uol.com.br/cotidiano/1246631-analise-envidracar-monumento-revela-panico-do-poder-publico.shtml

Notícia no Estado de S. Paulo
http://www.estadao.com.br/noticias/geral,protegida-por-vidro-fonte-sera-reaberta-no-centro-de-sp,1027735,0.htm