terça-feira, 23 de julho de 2013

Dois Viadutos, 94 Árvores e uma População Organizada

Como um grupo de de cidadãos de Fortaleza conseguiu parar a construção de dois viadutos e o desmatamento de um parque.


Foi anunciada no último dia 5 de julho a construção de dois viadutos no cruzamento das avenidas Antônio Sales e Engenheiro Santana Júnior, em Fortaleza, para resolver o problema de congestionamento de veículos na região. Parte da área destinada à construção dos dois viadutos está no Parque Ecológico do Cocó, e para tal obra seria necessário o corte de 94 árvores (1).

Ilustração dos dois viadutos. Prefeitura de Fortaleza - Divulgação

O bairro de alta renda (2) onde foi anunciada a construção do viaduto tem o mesmo nome do parque e uma das avenidas do cruzamento que receberá os viadutos, a Engenheiro Santana Júnior, é onde está localizado o Shopping Iguatemi Fortaleza. De acordo com a  Secretaria Municipal de Infraestrutura (Seinf) a obra, que faz parte do "Programa de Transporte Urbano de Fortaleza (Transfor)", foi orçada em R$ 17.348.534,00 e deveria ser concluída em 420 dias (1).

Região onde seria construídos os Viadutos. Google Mapas

Assim que o desmatamento da área teve início, no dia 12 de julho o grupo Crítica Radical (3) iniciou uma manifestação escrevendo mensagens de protesto contra o corte das árvores, retirando os tapumes que escondiam as árvores derrubadas e expuseram os troncos cortados na Avenida Engenheiro Santana Júnior. Três dias depois enquanto o grupo voltava ao local para retomar os protestos (4), o superintendente do Patrimônio da União do Estado do Ceará (SPU-CE), Jorge Luiz Queiroz, anunciou que iria pedir o embargo da obra (5). No dia seguinte O juiz Francisco Chagas Barreto Alves, da 2ª Vara da Fazenda Pública da Comarca de Fortaleza, decidia em caráter liminar, suspendê-la (6).

Mensagens de protesto e os troncos cortados. Gilson Melo

No mesmo dia da suspensão, estudantes do curso de arquitetura e urbanismo da Universidade Federal do Ceará (UFC) lançaram um concurso nacional para reunir projetos alternativos à construção dos viadutos (7). Segundo um dos organizadores, Víctor Rocha, a proposta inicialmente é direcionada a arquitetos e urbanistas, mas todos podem participar. As propostas devem ser enviadas para o e-mail cacau@arquitetura.ufc.br até 10 de agosto. Elas devem ser apresentadas em arquivo .pdf em prancha no tamanho A3. Paralelo ao concurso, o grupo Direitos Urbanos em Fortaleza publicou uma petição e uma carta aberta aos habitantes de Fortaleza, ao Prefeito Roberto Cláudio e ao Governador Cid Gomes sobre mobilidade urbana e solicitando de forma definitiva a interrupção das obras de construção dos viadutos.

Cartaz do concurso.

Para tentar limpar os efeitos negativos ambientais e políticos que o corte das árvores causou, a prefeitura iniciou no dia 19 o plantio de 50 mudas de árvores em outra área do Parque do Cocó (8) .

Este é mais um exemplo bem sucedido em que a população organizada conseguiu se manifestar, discutir e suspender a construção de obras públicas caras, elitistas e ineficazes. Como é dito e um vídeo do grupo Direitos Urbanos (9) "Combater o congestionamento alargando vias, é como combater a obesidade afrouxando o cinto".


Histórico

(1) - 5/7 - Obra dos viadutos na Antônio Sales começa nesta sexta, em Fortaleza
http://g1.globo.com/ceara/transito/noticia/2013/07/obra-de-viadutos-na-antonio-sales-comeca-nesta-sexta-em-fortaleza.html

12/7 - Corte de árvores para construção de viadutos causa polêmica no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/corte-de-arvores-para-construcao-de-viadutos-causa-polemica-no-ceara.html

(3) - 12/7 - Grupo protesta contra derrubada de árvores no Parque do Cocó, no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/grupo-protesta-contra-derrubada-de-arvores-no-parque-do-coco-no-ceara.html

(4) - 15/7 - Grupo volta a protestar contra corte de árvores no Parque do Cocó, no CE
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/grupo-volta-protestar-contra-corte-de-arvores-no-parque-do-coco-no-ce.html

(5) - 16/7 - Patrimônio da União pedirá embargo de obras de viadutos no Cocó, no CE
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/patrimonio-da-uniao-pedira-embargo-de-obras-de-viadutos-no-coco-no-ce.html

(6) - 16/7 - Justiça determina suspensão de obras no Parque do Cocó, no Ceará
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/justica-determina-suspensao-de-obras-no-parque-do-coco-no-ceara.html

(7) - 17/7 - Alunos da UFC criam concurso para captar alternativas a viadutos no Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/alunos-da-ufc-criam-concurso-para-captar-alternativas-viadutos-no-coco.html

(8) - 22/7 - Prefeitura de Fortaleza planta árvores no Parque do Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/prefeitura-de-fortaleza-planta-arvores-no-parque-do-coco.html

22/7 - MPF-CE recomenda que SPU exija relatório ambiental de obra no Cocó
http://g1.globo.com/ceara/noticia/2013/07/mpf-ce-recomenda-que-spu-exija-relatorio-ambiental-de-obra-no-coco.html

Referências

(2) - Bairro Cocó (Fortaleza)
http://pt.wikipedia.org/wiki/Bairro_Coc%C3%B3_(Fortaleza)

(9) - Crítica à Reforma da Via Expressa e aos Viadutos Hot Wheels
http://youtu.be/CcxKgq9e2Rk

sexta-feira, 19 de julho de 2013

O Coletivo Boamistura

Por Caroline Magalhães

O Coletivo Boamistura é um grupo espanhol formado por cinco artistas urbanos que nasceu no final de 2001 na cidade de Madri. O coletivo espanhol que tem nome em português, já interveio em vários lugares do mundo como na África, Noruega, Berlim e até no Brasil, em São Paulo. O nome do grupo faz referência à diversidade de formações e pontos de vista de seus membros, são visões distintas que se misturam em favor de um único resultado.

A arte do coletivo acontece principalmente no espaço urbano e no Brasil seu trabalho foi na favela Vila Brasilândia, zona norte de São Paulo. Lá eles ficaram 15 dias hospedados nas casas dos moradores e com a ajuda deles espalharam palavras de motivação pelos becos e vielas da favela, utilizando um truque que faz com que as letras pareçam estar flutuando se visto do ângulo ideal. O projeto "Luz nas Vielas" contou principalmente com a ajuda das crianças, o que estabeleceu uma relação especial delas com esse espaço. As cores poderão também auxiliar na orientação espacial de quem caminha, além de toda a beleza que a pintura trouxe ao lugar.










O coletivo realizou projetos relevantes em diversas partes do mundo trazendo vida a áreas degradadas das cidades. A seguir podemos ver algumas:

Na Casbá de Argel, capital da Argélia, é conservada a cor branca antiga e envelhecida e sobreposto um branco novo, fazendo-se desenhos nesses dois tons e remetendo a cor típica das casas.


O projeto "Somos Luz" na Cidade do Panamá, capital do país com mesmo nome, os corredores de um edifício recebem cores abstratas que ganham vida com cenas diárias como pendurar roupas, formando composições em que toda a cena se transforma em arte.


Na cidade de Hamar na Noruega, em uma praça que foi redesenhada, pintou-se um tapete de 1500 m² que remete às roupas norueguenses tradicionais. Esse é o "Sonhar Amar".



Crédito das fotografias: Coletivo Boamistura

Para saber mais:

boamistura
http://www.boamistura.com/

Intervenções urbanas se espalham e desafiam a concepção de cidade
http://oglobo.globo.com/amanha/intervencoes-urbanas-se-espalham-desafiam-concepcao-de-cidade-7359778

quinta-feira, 18 de julho de 2013

João Sette Whitaker sobre o urbanismo atual no Brasil e os megaeventos


Entrevista com João Sette Whitaker que fala de forma muita clara e em apenas 5 minutos sobre o urbanismo atual no Brasil e os megaeventos.

João Sette Whitaker Ferreira, arquiteto, urbanista e economista, é professor na Faculdade de Arquitetura e Urbanismo na Universidade de São Paulo e na Universidade Mackenzie. Escreveu livros sobre urbanismo e mantém um blog sobre o tema: http://cidadesparaquem.org/

quarta-feira, 17 de julho de 2013

Handmade Urbanism

Desenho de Paulo Ayres

Marcos Rosa, um dos idealistas do livro e da exposição "Handmade Urbanism" (em português: "Urbanismo Feito à Mão") em entrevista à Folha de S.Paulo.

O livro, vencedor do prêmio "Deutsche Bank Urban Age Award", apresenta ações inovadoras em cinco cidades de países emergentes (Bombaim, São Paulo, Istambul, Cidade do México e Cidade do Cabo).

Endereço da entrevista:
http://www1.folha.uol.com.br/saopaulo/2013/06/1290228-urbanismo-feito-a-mao-e-tema-de-livro-e-mostra-no-edificio-copan.shtml

segunda-feira, 15 de julho de 2013

O que é Transporte Ativo?


Em menos de dois minutos e meio, o conceito de "Transporte Ativo" é explicado neste vídeo bastante didático e são enumeradas as vantagens sobre o "Transporte Passivo" isto é, o transporte motorizado.

domingo, 14 de julho de 2013

Sociedade do Automóvel

Cartaz oficial do filme.

"11 milhões de pessoas, quase 6 milhões de automóveis; um acidente a cada 3 minutos; uma pessoa morta a cada 6 horas; 8 vítimas fatais da poluição por dia. No lugar da praça, o shopping center; no lugar da calçada, a avenida; no lugar do parque, o estacionamento; em vez de vozes, motores e buzinas. Trabalhar para dirigir, dirigir para trabalhar: compre um carro, liberte-se do transporte público ruim. Aquilo que é público é de ninguém, ou daqueles que não podem pagar. Vidros escuros e fechados evitam o contato humano. Tédio, raiva angústia e solidão na cidade que não pode parar, mas não consegue sair do lugar."

Neste excelente documentário, são reveladas os problemas que o uso dos carros causam em todos os aspectos da vida urbana. O filme pode ser baixado e assistido no site oficial ou no YouTube.

Site oficial:
http://www.ta.org.br/sociedadedoautomovel/

Endereço para assistir o filme no YouTube.
http://www.youtube.com/watch?v=02bmZXgUaXU&feature=share&list=PLrfUVV62L3YNS7OJ1RKqQ0cLvl_CQDWVn

Título: Sociedade do Automóvel
Produção: Branca Nunes e Thiago Benicchio
País: Brasil
Ano: 2005
Duração: 39'

sábado, 13 de julho de 2013

Manual de Urbanismo para Asentamientos Precarios

Manual de Urbanismo Buenos Aires
Capa do livro.

A Secretaria de Ação Comunitária da Faculdade de Arquitetura, Desenho e Urbanismo da Universidade de Buenos Aires criou o livro "Manual de Urbanismo para Assentamientos Precarios" com a finalidade de guiar os moradores de bairros em desenvolvimento nos processos de regularização, na implementação de infraestrutura e na construção de habitação adequada.

O Manual, todo ilustrado, com infográficos e bastante didático, está dividido nos seguintes capítulos:
1. Para quem serve este manual
2. Como construir meu bairro
3. Como legalizar meu bairro
4. Caminhos para construir a casa
5. A organização e a dinâmica de grupo
6. Anexos

Endereço para baixar o livro gratuito em espanhol:

sexta-feira, 12 de julho de 2013

Cidades Inteligentes da Ásia e uma discussão sobre Cidades Planejadas


Por Caroline Magalhães

A Ásia está construindo cidades utópicas a partir "do zero" com a previsão de término para 2025. O projeto dessas cidades, Songdo na Coreia do Sul, e Masdar, nos Emirados Árabes, são inspiradas no conceito de "Smart City" (em inglês: "cidade inteligente") e tem-se a pretensão de que sejam modelos de cidade padrão para as próximas cidades que virão em todo o mundo. Mas a questão é: será que realmente o objetivo de 'cidades padrão' pode ser alcançado ou poderíamos nomear melhor como 'cidades teste', onde as chances da cidade não "funcionar" são consideráveis já que são aplicados modelos que nunca antes saíram do papel?

Ilustração da vista aérea de Songdo.  Divulgação

Em Songdo praticamente tudo estará conectado à internet. As garrafas de refrigerante possuirão sensores que computarão desconto nos impostos para pessoas que as jogarem no cesto de lixo. Essa e várias outras diretrizes deixam claro a ambição de induzir um comportamento nas pessoas, um comportamento mais evoluído, porém reflexo de uma sociedade que precisa ser premiada para fazer o certo. Talvez esse método supere de longe a eficácia dos programas de conscientização que temos hoje, entretanto pode ser que ele force uma mudança de pensamento ou pode ser que a revolução seja apenas superficial, e não do indivíduo.

Em Songdo, a meta é que se tenha uma cidade sem trânsito e que postes de luz possuam sensores que diminuam a intensidade da iluminação quando não tem alguém por perto. Em Masdar, painéis de energia serão colocados no topo dos prédios gerando toda a energia que a cidade precisa e carros e ônibus elétricos circularão no subsolo. Não é de se negar que os projetos das duas cidades são de encher os olhos e que gera esperança, uma vez que se percebeu que pessoas são nobres e automóveis não. Cidades de alta tecnologia e ecologicamente perfeitas: as intenções são as melhores.

Urbanismo
Ilustração da vista aérea de Masdar.  Divulgação

Contudo sabe-se da distância que existe entre as boas intenções e o acerto dessas cidades planejadas do zero. Um exemplo no Brasil, é Brasília, que apesar de ter uma tecnologia muito inferior a das cidades modelo da ásia na época de sua construção, foi um verdadeiro símbolo de progresso, que hoje tanto decepciona. Esse é um bom momento para se discutir os prós e contras das cidades planejadas e cidades espontâneas.

Como a vivência de uma cidade criada racionalmente pode superar a das cidades espontâneas? Cidades estas que aconteceram instintivamente, aos poucos, sendo moldada pelos acontecimentos e observando a experiência de cada um dos moradores. Quanto às cidades planejadas: será mesmo possível pensar em tudo e prever tudo? Nós convidamos vocês a imaginar: quais os possíveis imprevistos que as cidades modelo da Ásia podem enfrentar? Quais surpresas poderiam surgir nesse caminho? O que mais deve ser pensado?


Para saber mais:

Reportagem da Folha de S.Paulo sobre as duas cidades
http://www1.folha.uol.com.br/tec/2013/07/1303359-asia-constroi-cidades-inteligentes-do-zero-ao-custo-de-us-102-bi.shtml

Site oficial de Songdo
http://www.songdo.com/

Site oficial de Masdar
http://www.masdar.ae/

quinta-feira, 11 de julho de 2013

Citações #1


Citado em "Prisioneiros da liberdade‎" - Página 157, de Rodrigo Constantino - Soler Edítora, 2004, ISBN 8598183091, 9788598183091 - 325 páginas em  http://pt.wikiquote.org/wiki/Arnold_Toynbee

quarta-feira, 10 de julho de 2013

Colabore com o Urbanismo Diário!

Urbanismo Máquina de Escrever
Montagem de Urbanismo Diário sobre imagem de SpecialEdition87.tumblr.com

Quer fazer parte do Urbanismo Diário colaborando com artigos, indicações e na divulgação? Tem alguma sugestão, comentário, elogio ou crítica ao Urbanismo Diário? Então mande uma mensagem para gente na página do Facebook ou escreva para urbanismodiario@gmail.com.

segunda-feira, 8 de julho de 2013

Quais são os passos para a criação de um Conselho Municipal?


Conselho Municipal Passos Urbanismo
A Ágora de Atenas, local das discussões sobre a cidade, em "A Era de Péricles" quadro de  Philipp von Foltz. (CC BY-SA 3.0)

Adaptado da página "Como criar um conselho".

Passo 1: Pesquisa sobre o Tema

O primeiro passo para a criação de um Conselho Municipal é a pesquisa do tema sobre o qual o conselho irá tratar. É importante pesquisar como funcionam os conselhos sobre o mesmo tema em outras cidades, e os conselhos de temas relacionados na mesma cidade e, como são os conselhos estaduais e nacionais sobre este tema. Também é importante pesquisar quais são as políticas e planos nacionais, estaduais e municipais para o tema e as leis relevantes.

Passo 2: Mobilização da sociedade

Quanto maior a participação popular, maior a chance de o conselho funcionar com efetividade. Por isso, a etapa de mobilização é fundamental.

Se não existe discussão sobre o tema que se pretende criar o conselho no seu município, é preciso começar o debate, reunindo pessoas interessadas, entidades relacionadas com o tema, especialistas na área, etc. É importante incluir ao máximo a diversidade dos segmentos, para se ter um olhar mais heterogêneo sobre as questões do assunto e refletir a pluralidade dos atores que atuam no tema na base da criação do conselho.

Isso pode ser feito por meio da realização de encontros nas comunidades, seminários, audiências públicas, etc. Se houver uma previsão de realização de uma conferência nacional no mesmo período, é interessante se inserir neste calendário e alinhar-se com as temáticas que estão sendo debatidas. O importante é reunir a população e abrir espaço para que cada um expresse seus anseios e inquietações e coloque a sua disponibilidade de se envolver neste processo.

Os meios de comunicação (tvs, rádios e jornais locais, sites) podem ajudar bastante não só para convocar os participantes para os encontros, como também para provocar a reflexão e sensibilizar a opinião pública sobre as questões do tema, promovendo um cenário propício para a criação do conselho.

O debate nos encontros pode incluir a realização coletiva de um diagnóstico sobre o tema no município, levantando potencialidades e necessidades e suas prioridades. O registro destas definições pode subsidiar futuramente a construção de Plano Municipal.

Os encontros também são uma excelente oportunidade para definir qual é o formato de conselho desejado. Neste momento, é importante analisar quais são as possibilidades e limites da atuação do conselho no contexto onde ele está inserido, de maneira a garantir que não haja um descompasso entre o modelo proposto e o que é possível ser realizado e evitar uma situação recorrente na trajetória desses espaços, onde a prática se dá completamente diferente do que está previsto no papel.

Passo 3: Sensibilização do Poder Público

Apesar de provavelmente existir um consenso sobre a importância do tema e suas especificidades, nem sempre ela é encarada como prioridade na agenda dos gestores. Por isso, o primeiro passo deve ser sensibilizar as secretarias que serão envolvidas e, em especial, o núcleo do governo (prefeito, vice, secretário de governo, etc). Sem esta disposição, a estruturação do conselho pode nunca sair do papel.

Deve-se considerar também a importância da parceria com a Câmara Municipal, afinal são vereadores que aprovarão o projeto de lei de criação do conselho e outras propostas que podem ser apresentadas futuramente.

É fundamental que, nos seus argumentos, se utilize dados concretos e números oficiais, e que sejam reforçados não apenas os problemas que afligem o tema, mas o potencial para resolvê-los e a capacidade de decidir sobre a sua trajetória.

Passo 4: Formalização

Feito o diálogo com a sociedade, o passo seguinte é apresentar as propostas para o decreto ou lei que regulamentará a criação do conselho. O decreto é assinado pelo prefeito ou governador e pode ser revogado numa gestão posterior. O projeto de lei precisa ser aprovado pela Câmara dos Vereadores ou Assembleia Legislativa, portanto, oferece uma garantia maior para que a instância seja mantida independente das mudanças no cenário ou no grupo político que estiver à frente da administração. O documento da lei ou decreto deve conter os objetivos do conselho, como ele será estruturado (comissões, papéis e atribuições) e definir critérios para sua composição. Não é preciso começar do zero. Pode-se aproveitar as experiências de outros municípios e estados e basear-se nos documentos por eles produzidos, adequando às suas necessidades.

Passo 5: Composição

No Brasil, não existe uma norma de padronização da composição dos conselhos. Alguns conselhos possuem o mesmo número de representantes do poder público e da sociedade civil, outros optaram por um terço e dois terços, respectivamente. A escolha depende do modelo da gestão municipal, do contexto local, dos recursos, etc.

Seja qual for o formato escolhido, algumas dicas são importantes:

• Na hora de articular quais serão as secretarias que terão assento no conselho, é mais produtivo priorizar as que têm uma relação mais direta com as questões do tema. A mesma lógica deve ser seguida com relação à escolha de quem irá representar cada secretaria. O representante deve necessariamente estar ligado a uma ação ou setor que tenha este foco, ou seja, que tenha vivência no tema. Assim, é garantido um envolvimento maior e uma ocupação mais qualificada;

• Embora existam experiências de composição da representação da sociedade civil a partir de indicações governamentais, é mais adequado que seja formado por um processo de eleição que, preferencialmente, deve acontecer durante uma assembleia pública ou conferência, a partir de critérios transparentes e compartilhados. É recomendável abrir um espaço para que as entidades possam se articular internamente, nos segmentos com os quais se identifiquem. Isto deve acontecer de forma autônoma, permitindo que os acordos e as escolhas aconteçam sem interferência do poder público. Onde não houver um consenso, a escolha pode ser norteada por critérios objetivos, como a frequência de participação nos debates, a amplitude da sua atuação, capilaridade, entre outros.

Já na definição dos representantes, sejam do poder público, sejam da sociedade civil, algumas capacidades e habilidades devem ser levadas em conta na definição de sua capacidade de representação, decisão, expressão, defesa de propostas e negociação, como a transparência, a disponibilidade para informar e sua habilidade de fiscalizar, se comunicar com a mídia e mediar conflitos.

Após a identificação dos membros do conselho, é necessário que eles sejam formalizados, com uma nomeação oficial, ritualizada com a cerimônia de posse aberta à sociedade.


Para saber mais:
Guia de Conselhos de Juventude

domingo, 7 de julho de 2013

Radiant City


Urbanismo Andrés Duany Condomínios Alastramento Urbano
Cartaz do filme.

Neste filme é contada a história da família Moses que se muda para uma nova casa em um condomínio em construção. Embora morem a uma distância andável ou seja, que possa ser percorrida a pé, dos atrativos que uma família de classe média precisa: lojas, escolas, etc., a configuração do bairro com ruas e calçadas sem conexão umas com as outras, fazem com que a família seja dependente do carro para qualquer necessidade. Neste condomínio isolado dos outros condomínios e da cidade, seus habitantes também se sentem isolados, em casas cada vez maiores e cheias de tédio.

O filme tem comentários de urbanistas famosos como: Andrés Duany, James Howard Kunstler, Beverly Sandalack, Ken Greenberg, Joseph Heath, Mark Kingwell e Marc Boutin.

O título do filme "Radiant City" em português, "Cidade Radiante", faz referência à cidade hipotética do arquiteto e urbanista suíço, Le Corbusier "Ville Radieuse" onde toda a mobilidade da cidade é feita por veículos motorizados.

Endereço para assistir integralmente o filme, com legendas em inglês: http://www.nfb.ca/film/radiant_city

Direção: Gary Burns e Jim Brown
Produção: Shirley Vercruysse e Bonnie Thompson
Trilha Sonora: John Bissell, Natalie Baartz e Joey Santiago
Distribuição: Alliance Atlantis
Data de Lançamento: 10 de setembro de 2006
Duração: 93 minutos
País: Canadá
Idioma: Inglês

sábado, 6 de julho de 2013

O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia

Capa do livro.

O livro de hoje é "O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia" da urbanista e historiadora francesa Françoise Choay, publicado em 1965. O livro conta a história do pensamento urbanístico desde o final do século XVIII até meados do século XX.

Dividindo os capítulos em grupos de urbanistas, a autora compara as duas correntes principais do urbanismo: a Progressista e a Culturalista. A primeira corrente, representada por Le Curbusier, defende a técnica como solução para os problemas urbanos enquanto a segunda, representada por Camillo Sitte, defende a o estudo das cidades clássicas para entender os problemas das cidades modernas.

Capítulos
I. O Pré-urbanismo Progressista
II. O Pré-urbanismo Culturalista
III. O Pré-urbanismo Sem Modelo
IV. O Urbanismo Progressista
V. O Urbanismo Culturalista
VI. O Urbanismo Naturalista
VII. Tecnotopia
VIII. Antrópolis

Título: O Urbanismo: Utopias e Realidades. Uma Antologia
Autora: Francoise Choay
Ano de Publicação: 1965
Tradução: Dafne Nascimento Rodrigues
Editora: Perspectiva, Série: Estudos
ISBN: 8527301636
Páginas: 350

sexta-feira, 5 de julho de 2013

Do Nascimento à Morte em um Carro

Andy Singer Urbanismo Acidentes de Trânsito Do Nascimento à Morte em um Carro
Birth to Death in a Car de Andy Singer.

Tirinha do cartunista Andy Singer intitulada "Birth to Death in a Car" (em português: "Do Nascimento à Morte em um Carro"). É a triste realidade a idolatria aos carros.


Site do cartunista: http://www.andysinger.com/

quinta-feira, 4 de julho de 2013

Rua Parisiense, Dia Chuvoso

Gustave Caillebotte Paris Haussmann Urbanismo
Rua Parisiense, Dia Chuvoso de Gustave Caillebotte.

Inaugurando a série "Paisagens Urbanas", tela de Gustave Caillebotte intitulado "Rua Parisiense, Dia Chuvoso" (em francês: Rue de Paris, Temps de Pluie) de 1877, que retrata a Place de Dublin, no norte de Paris, área bastante atingida pela reforma urbana de Haussmann.

Técnica: Óleo sobre tela
Dimensões: 212.2 × 276 cm
Localização: Art Institute of Chicago
Licença: Domínio Público

quarta-feira, 3 de julho de 2013

Colorindo a Cidade

Por Caroline Magalhães

O urbanismo contemporâneo trata de algo que vai alem de criar desenhos de cidades e utopias a partir do zero. O desafio é intervir em espaços que já existem, em espaços que acontecem, em ambientes que já possuem problemas enraizados e, dentro disso tudo, criar estratégias para mudar o destino de um lugar para melhor, induzir quem sabe, uma nova maneira do morador lidar com o seu bairro e trazer vida ao ambiente que estava morto e colorindo o dia-a-dia de muita gente.

E não é só com grandes e caras estratégias que se chega nesse fim, raízes ruins podem ser removidas com simples ações urbanas da parte não só de arquitetos, mas de qualquer cidadão:  como o banquinho de madeira na calçada  que pode ser um agente de integração mais valioso que o mobiliário de um grande designer;  como as plantas cultivadas nas calçadas por moradores locais e como o projeto de pintura do escadão do bairro São José em Poços de Caldas.

Escadão visto da rua Paulo VI. Caroline Magalhães

O projeto, coordenado pelas professoras de arquitetura da PUC Rosana Parisi e Esther Cervini,  que deu à universidade PUC Minas o selo de filantropia (1), mobilizou adultos, idosos e crianças da entidade Lar Criança Feliz e da escola Criativa Idade gerando intercambio de experiências à crianças de realidades díspares e proporcionando uma visão do mundo que agora é muito mais abrangente. Os desenhos que colorem os 122 degraus do escadão retratam histórias de vida dos moradores e das crianças que puderam se abrir em reuniões e, apesar do tema base que foi definido, os desenhos foram feitos de maneira bem espontânea onde todos puderam exercitar a criatividade e revelar seu lado artístico.

Alunas da PUC pintando. Caroline Magalhães

Vista do meio do escadão. Caroline Magalhães

A tinta para a pintura é à base de terra o que atenta para a questão ecológica e leva às crianças educação ambiental. De acordo com a professora Esther Cervini na entrevista para TV Poços (1), é importante fazer esse trabalho com as crianças pois elas são receptivas a novas idéias e porque são elas os agentes transformadores do futuro; trabalhando com as crianças hoje pode-se transformar a sociedade num período próximo.

A receita da tinta foi ensinada aos moradores do bairro São José e daqui pra frente eles mesmos poderão dar manutenção no espaço que é deles, diretriz que gerará uma relação especial do morador com o lugar.

Conversando com os moradores do bairro descobriu-se que eles sobem e descem o escadão no mínimo quatro vezes por dia. O projeto que tem valor social e patrimonial também proporcionará a essas pessoas, acredita-se, uma caminhada mais agradável a partir de agora, levando-os por um percurso lúdico entre pipas e planetas, histórias e muita arte.

Vista do meio do escadão. Caroline Magalhães

Voluntário pintando. Caroline Magalhães

Proefessora da PUC. Caroline Magalhães 

Parte do alto do escadão. Caroline Magalhães 

Para saber mais:

(1) Vídeo com a reportagem da TV Poços sobre a pintura do escadão.

terça-feira, 2 de julho de 2013

A Cidade Ideal

A Cidade Ideal, painel atribuído a Fra Carnavale. The Walters Museum

Painel atribuído ao pintor e arquiteto Fra Carnavale (1420–1484), pintado entre 1480 e 1484. Expressa os anseios renascentistas do que seria uma "Cidade Ideal" com malha ortogonal, escala monumental e ornamentação clássica.

Artista: atribuído a Fra Carnavale
Data: entre 1480 e 1484
Técnica: óleo e têmpera sobre madeira
Dimensões: 243x104 cm
Local: The Walters Art Museum, Baltimore, EUA


Para saber mais:


Entrada na Wikipédia "The Idial Painting" (em inglês)
http://migre.me/eNksx

segunda-feira, 1 de julho de 2013

Escolas de Bicicletas

Bicicleta com estrutura de bambu. Márcio Fernandes/AE

Projetadas pelo designer carioca Flávio Deslandes, o programa em São Paulo produz bicicletas de bambu para os alunos. A meta é ter pelo menos 4,6 mil equipamentos para estudantes usarem entre a casa e a escola. Os quadros das bicicletas são montados na zona norte da cidade, no CEU Jardim Paulistano, por 12 jovens. Hoje, cerca de 500 crianças já pedalam nesse esquema e a fábrica tem capacidade de produção de cerca de 50 bicicletas por dia. Desde o início da operação, em março, já construiu 1,5 mil unidades, segundo o coordenador do projeto, Daniel Guth.


Para saber mais:


Fábrica em CEU faz bicicletas de bambu para alunos
http://migre.me/eRY5H