Por Caroline Magalhães.
Ontem, dia 20 de junho, 80 cidades no país foram às ruas para se
manifestar motivadas pela mesma gota d’água que fez o Brasil explodir em
protestos nos últimos dias: o aumento da passagem de ônibus. Poços de Caldas, não ficou de
fora e segundo a Polícia Militar reuniu 10 mil manifestantes. Assim como o resto do país, o protesto foi movido por uma intensa insatisfação que
não surgiu agora; é um descontentamento de longa data causado pelo déficit na
educação, na saúde e nos transportes em todo país e também, assim como em
outros lugares, por problemas específicos de Poços, onde foi cogitado até a eliminação das charretes. Isso, fruto da diversidade falada pelo professor da UFRJ, Mauro Iasi (1) que diz que, o governo levou o povo a ser passivo: votar, voltar pra casa e deixar o
governo resolver os problemas sem a pressão da população, e isso gerou uma
despolitização que reflete nas manifestações que estamos tendo, onde é natural
a heterogeneidade e é natural a falta de um rumo claro.
Manifestantes na Rua Rio Grande do Sul. Daniel Alfinito Rabelo |
A heterogeneidade do movimento à parte, a manifestação em Poços de Caldas tinha um objetivo principal e métodos para alcançá-lo muito claros. A meta é que a passagem seja reduzida para 2,30, que se tenha a revisão de diversos itens para a melhor qualidade do serviço oferecido pela empresa Circullare, a quebra imediata do monopólio da única empresa de mobilidade urbana na cidade com o intuito de gerar concorrência, e o mais importante de todos: implantar um método de gestão e fiscalização transparente e participativo, já que essa fiscalização acreditem, é feita pela própria empresa que pode apresentar os dados da maneira que bem entender! Sem essa fiscalização a conquista dos outros objetivos é de pouco valor, ainda que se tenha duas empresas prestando o serviço, sem essa fiscalização, em pouco tempo esse quadro se repetirá e nós voltaremos à estaca zero.
Durante a manifestação foram escolhidos representantes de
diversas áreas (estudantes secundaristas, universitários, representante da CTB,
entidades civis entre outros), o mais coerente é que fossem pessoas que
realmente fizessem o uso do ônibus no dia-a-dia, para compor o grupo dessa
gestão participativa, e os mesmos terão um encontro com o prefeito, para um
acordo referente às questões em pauta.
Deve-se lembrar que essas pequenas conquistas obtidas na
noite de ontem foram conseguidas apesar de alguns fatores contraditórios
ao que deveria ser o perfil do protesto. O movimento que nasceu apartidário foi invadido por políticos que levantaram suas bandeiras além de inserirem um carro de som que conduziu a manifestação por um tempo, conforme conveniência. Esse fato, causou revolta nos outros manifestantes e o Movimento de Apoio ao Passe Livre publicou hoje, uma carta oficial se desculpando publicamente pelo ocorrido.
Além disso o dono da empresa Circullare retirou os ônibus de circulação durante a passeata deixando na mão trabalhadores que só queriam voltar para suas casas, o que revelou um total desprezo pelo que o povo tanto falou, prezou e clamou durante o ato. No final da manifestação de ontem, entrevistamos alguns manifestantes pedindo a opinião sobre o que acharam do discurso do prefeito e foi possível ver certa insatisfação no rosto de alguns, dizendo que ele só ‘enrolou’ já que a resposta foi o comum e o esperado "nós precisamos analisar". Alguns entrevistados também fizeram críticas à bandeiras de ideais que foram levantadas, como a da imagem de Che Guevara à frente da manifestação. Não se trata de seguir uma linha ideológica, se trata da manifestação do povo por insatisfações em comum, e nessa hora certas particularidades devem ser deixadas de lado.
Além disso o dono da empresa Circullare retirou os ônibus de circulação durante a passeata deixando na mão trabalhadores que só queriam voltar para suas casas, o que revelou um total desprezo pelo que o povo tanto falou, prezou e clamou durante o ato. No final da manifestação de ontem, entrevistamos alguns manifestantes pedindo a opinião sobre o que acharam do discurso do prefeito e foi possível ver certa insatisfação no rosto de alguns, dizendo que ele só ‘enrolou’ já que a resposta foi o comum e o esperado "nós precisamos analisar". Alguns entrevistados também fizeram críticas à bandeiras de ideais que foram levantadas, como a da imagem de Che Guevara à frente da manifestação. Não se trata de seguir uma linha ideológica, se trata da manifestação do povo por insatisfações em comum, e nessa hora certas particularidades devem ser deixadas de lado.
Manifestantes em frente à Prefeitura. Daniel Alfinito Rabelo |
Com todos os defeitos de um protesto, formado por pessoas estão aprendendo agora e aos poucos a fazer política, foi um show de cidadania, assistido por pessoas no alto dos prédios que piscavam as luzes orgulhosamente. Inúmeros adolescentes que apesar de subestimados, pareciam entender a importância daquilo que estava acontecendo. Um povo que está aprendendo que é com luta que se conquista seus objetivos. Esperamos agora que a movimentação tenha a cada dia uma direção política mais bem definida, que não se permita ser domesticado pela mídia, que não pare e não se contente com a simples redução do preço das passagens e que prossiga firme e legítima. Em breve contamos os próximos capítulos dessa história...
Referências:
Professor da UFRJ e presidente da Adufrj-SSind, Mauro Iasi analisa o grito das ruas
http://www.youtube.com/watch?v=MV8y8Dkgl8U
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